Bem hajam as eleições...
Pela primeira vez na minha vida e ao fim de 15 anos de ensino, quatro dos quais efectivo a mais 450 km de casa, estou, finalmente, colocado numa escola a 2 km da minha residência. Agora posso levar as minhas filhas à escola, uma vez por semana pelo menos e estar pela primeira vez com elas no dia do Pai.
Foram mais de 350 viagens entre Guimarães/Famalicão e o Redondo/Elvas. Quatro anos onde podia sempre ter ficado em casa... Hoje podia continuar casado? Não sei! Podia decerto ter visto a minha segunda filha nascer? Não sei! Podia ter mais dinheiro, ter mais saúde, podia ter o meu carro que deixei na sucata depois de um acidente...Podia sei lá! Tanta coisa.
O que ganhei? Alguns amigos. Alentejanos uns e outros desterrados como eu para mutuamente partilharmos as mágoas. O que trouxe comigo? Esses amigos que ficaram e os alunos. A alguns decerto a que ajudei a integrar valores, conhecimentos, atitudes. Perdi tudo o resto!
E qual a única razão de ser de tudo isto? QUAL A ÚNICA GRANDE RAZÃO PARA PERDER TANTO?
Serei sempre o desterrado porque nunca, nunca mais poderei regressar a casa!
Guardo da paisagem alentejana a nostalgia de ser o melhor lugar para viver, o melhor lugar para aqueles que ainda não têm um lar e uma casa.
Como Ulisses regressei a Ítaca, mas nem a minha mulher nem o meu cão me reconheceram.
P.S. A todos os colegas e amigos que conseguiram chegar a casa...
(Infelizmente há três anos atrás não houve eleições, pois se houvesse, nunca eu teria sido desterrado)
Às vezes estou em casa, mas são poucas. Tudo isso porque sou um prof. de filosofia que só representa um nº para os nossos esclarecidos governantes. Como eles, também sou a imagem do sucesso. Os alunos sucedem-se ano, após ano cada vez mais longe. Educo para absolver os meus pecados, pois "ainda sou do tempo das enfermeiras que não se podiam casar".
Saturday, September 12, 2009
Subscribe to:
Posts (Atom)